Instituições financeiras destinam boa parte do orçamento de tecnologia para a segurança da informação e adotam postura proativa no combate à golpes e fraudes
O mercado financeiro sofre 2,5 mais tentativas de fraude do que todos os outros mercados somados. Como resposta, os bancos brasileiros investem anualmente cerca de 10% do orçamento de tecnologia em cibersegurança, segundo a Pesquisa de Tecnologia Bancária Febraban. Para além do investimento, essa realidade exige das organizações uma postura menos reativa e mais proativa na antecipação de riscos. Embora este seja, historicamente, o melhor momento da segurança da informação, é também o mais desafiador. Isso porque as tecnologias evoluem rápido e são acompanhadas pelas ameaças. Mas quais são os principais desafios e como essas mesmas tecnologias podem mitigar os riscos de golpes e fraudes?
Autenticidade é uma das pedras no caminho da segurança da informação
Com a evolução da IA e a sofisticação dos deepfakes, estamos vivendo uma crise de autenticidade. A garantia da identidade dos usuários tornou-se uma questão crucial para os bancos. Durante o Febraban Tech 2024, algumas soluções promissoras foram apresentadas. Segundo Gabriel Borges, Diretor de Segurança da Informação do BTG Pactual, o avanço da biometria comportamental, que analisa padrões de comportamento para criar uma visão completa da identidade do cliente, tem sido uma ferramenta importante para as instituições enfrentarem esse desafio.
Lincoln Ando, fundador da IDwall, destacou que a mesma tecnologia que facilita golpes e fraudes pode ser usada para criar um plano de identidade digital que reduza os silos de dados. Ele enfatizou que a inteligência artificial pode centralizar dados de forma ética e inteligente, além de adicionar camadas de segurança.
Essa atenção com os dados – e com a sua segurança – é essencial, tendo em vista que o Brasil é o 6º país no mundo com mais vazamentos de dados. Há particularidades nesse contexto, como o grande número de celulares antigos e sistemas operacionais defasados em circulação, que contribuem para um aumento nos falsos positivos e negativos na identificação facial. De acordo com Ando, essa combinação de fatores nos coloca como o 2º país do mundo que mais sofre com fraudes.
Cenário brasileiro é diferente do de outros países?
Se no Brasil 90% dos problemas têm vínculo com a engenharia social, em outros países a origem é a mesma. Para Adriano Volpini, Chefe de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco, isso aponta um outro caminho que os bancos devem seguir para conquistar a confiança dos seus usuários, entregando uma boa experiência aliada à segurança. Ele explicou que, com o passar do tempo, as instituições têm reduzido de maneira drástica toda a interação do cliente com sistemas, aplicações, produtos e serviços.
No entanto, é preciso refletir sobre as interações que podem agregar valor. “Há um clique a mais que faz a diferença e isso deve estar na visão dos bancos. Apoiar o cliente fazer a coisa certa, evitar que ele caia em um golpe. Precisamos pensar em como inserir essa conscientização nos momentos de tomada de decisão.”
Para Mauro Massaki Sato, Especialista em TI do Sicredi, o maior aliado à segurança é justamente a informação.
“Por esse motivo, além das soluções baseadas em tecnologia, as instituições devem trabalhar e investir em campanhas informativas em mídias convencionais, assim como em mídias sociais, ampliando ao máximo seu público-alvo.”
Os bancos se conscientizaram de que segurança é diferencial para manter um sistema financeiro sofisticado. Contudo, o foco do trabalho é preencher as lacunas que existem entre tornar suas operações fáceis e, ao mesmo tempo, seguras. Antes de pensar em soluções mirabolantes, é preciso fazer o básico bem-feito – o que não é fácil, mas é essencial.