O Pacto Global da ONU no Brasil promoveu agenda com lideranças femininas para discutir questões raciais e de igualdade de gênero. A Datum participou do evento. Saiba mais!
Como signatários do Pacto Global da ONU no Brasil, participamos, recentemente, do Café da Manhã com CEOs, promovido pela organização, em São Paulo. O evento reuniu lideranças femininas e negras de empresas embaixadoras e comprometidas com os movimentos Raça é Prioridade 2030 e Elas Lideram 2030. Quem nos representou na ocasião foi Carine Bruxel, sócia e vice-presidente executiva da Datum.
Durante o encontro, foram debatidas as mudanças na legislação brasileira, que passará a cobrar das empresas relatórios relacionados aos impactos ambientais, sociais e de governança corporativa a partir de 2024 – tendência essa que vem ganhando força no mundo todo. Além de aproximar lideranças femininas e negras, o Café proporcionou reflexões importantes relacionadas à questões raciais e de igualdade de gênero.
Pacto Global para além da ação social
Carine deixou o evento com o intuito de se comunicar com outros alto executivos de forma mais livre e propositiva. Segundo ela, esse é o momento de começar a agir. “Precisamos pensar na cultura e na mudança cultural das nossas empresas. Essa mudança, inevitavelmente, começa pelos sócios, pelo CEO, pela alta diretoria”, afirmou.
Para Carine, é preciso focar na evolução das leis, dos pensamentos, da gramática e dos valores. A VP também pontua que, embora a diversidade tenha se autorregulado pelo mercado, a igualdade desafia o “walk the talk” porque “é muito mais fácil dizer que fazemos a coisa certa do que fazer a coisa certa. Tudo isso é muito mais do que uma ação social. Isso é uma agenda de negócios que gera impacto”, explicou.
De acordo com a executiva, é preciso um olhar propositivo e interseccional para questões como igualdade salarial e de direitos de avanço, ascensão e permanência de mulheres e mulheres negras nas organizações. “Isso é uma responsabilidade do comitê executivo e precisa estar na agenda estratégica dos negócios. Nós fazemos parte desse problema mas também podemos fazer parte da solução. Não através da culpa, mas através da responsabilidade”.
Convite para a reflexão
Contudo, segundo ela, o primeiro passo é assumir que existem diferenças que promovem desigualdade. “Nas nossas empresas, qual o lugar social que pessoas negras ocupam? Que mulheres negras ocupam? Existe um olhar propositivo sobre isso ou você pensa que isso não é problema seu? Vivemos um abismo social. Enquanto algumas mulheres brancas estão exercendo papeis de liderança, em suas casas as babás e as domésticas são mulheres negras, que cuidam dos filhos das mulheres brancas líderes, mas que não podem cuidar dos seus próprios filhos. Precisamos, sim, racializar essas questões, por mais doloridas que elas forem. E acreditem, quanto mais executivas forem as mesas e as conversas, mais rarefeito o ar fica quando se toca nesses assuntos”, explica.
Por fim, Carine deixa mais questionamentos: “Quais os valores que nós, executivos de companhias, carregamos? Nós acreditamos profundamente nesses valores? O que fazemos com isso na prática? Como promovemos um ambiente mais plural? Precisamos muito mais do que discurso de boa vontade. Precisamos mesmo é de atitude. Isso é estratégia”, conclui.