Trecho retirado da matéria assinada pela jornalista Aline Custódio, originalmente publicada no caderno Educação e Trabalho do GZH, no dia 20/03/2023
Um estudo divulgado neste mês pelo PUCRS Data Social, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, sugere que o gênero ainda é um elemento relevante no mercado de trabalho no Estado, em prejuízo das mulheres. A análise se junta a outras pesquisas que indicam situação semelhante no Brasil e no mundo. Na tentativa de mudar esta realidade, iniciativas do poder público, de entidades privadas e das empresas se tornam cada mais presentes na sociedade.
Equidade de gênero: mulheres liderando na TI
Presente no mercado há 23 anos, a Datum TI, uma empresa do ramo da tecnologia, tem hoje 29% de mulheres em seu quadro de colaboradores, cujo número total de funcionários não foi divulgado. Para se ter uma ideia, na área de tecnologia, uma das que mais emprega homens, elas não representam 20% do total.
Sócia e vice-presidente da empresa, Carine Bruxel revela que a Datum TI tem como objetivo a curto prazo chegar a 35% de colaboradoras ainda neste ano e quer ser reconhecida como uma empresa que investe em mulheres. Para isso, está presente no Pacto Global da ONU, comprometida com a equidade de gênero.
Desde que ingressou na empresa, há quatro anos, Carine vem fazendo uma revolução interna. A começar pela criação de um guia de boas práticas anti-machismo no ambiente de trabalho, indicando linguagens e atitudes mais adequadas. Hoje, as mulheres já são 85% das lideranças na Datum TI.
— Ter uma mulher no quadro societário já muda toda a relação e, automaticamente, vai abrindo espaço. Nas reuniões, os homens já falam “posso dar uma opinião”. Meu sócio brinca “vocês dominaram” — comenta a executiva.
Nos últimos anos, a empresa também tem investido na formação de mulheres para serem inseridas no mercado da tecnologia, oferecendo cursos gratuitos na área. Há alguns anos, mantém o programa RecomenDatum, onde um colaborador indica outro colaborador para a área de tecnologia. Se for uma mulher indicada, é pago um valor mais alto como recompensa.
— Atendemos grandes empresas do país na área da tecnologia e muitas delas nos contratam porque o time é composto por uma maioria de mulheres e porque valorizam a diversidade. Aliás, diversidade é a palavra. Eles (as empresas) querem times diversos, com outros olhares para destituir o ambiente majoritariamente masculino — explica Carine.
Mas o maior desafio da executiva está prestes a ser iniciado. A partir do próximo dia 22, serão abertas as inscrições para um curso online gratuito que oferecerá a mulheres de todo o Brasil o desenvolvimento para cargos de liderança na área da tecnologia. O programa do Movimento TogetHer terá aulas sobre comunicação, estilos de liderança, gestão remota e ágil de equipes. A meta é instrumentalizar os times com mulheres capazes de chegar a cargos de líder.
— Antes, as mulheres não ingressavam no mercado de tecnologia. Agora, estão entrando, mas ainda estão respondendo aos homens. Então, queremos mulheres liderando. Hoje, quando falamos de equiparação salarial, precisamos empoderar as mulheres para que elas cresçam e rompam barreiras. Acredito que no futuro, vamos ter que abrir espaço para os homens na TI de tanto que vamos chegar e conquistar nosso espaço — afirma Carine.