Quantas vezes você imaginou se era bom o bastante para alguma coisa? No início da vida, talvez tenha julgado que não era um bom filho ou um aluno dedicado o suficiente, assim como pode ter se perguntado sobre ser uma boa namorada ou até mesmo um pai amoroso e dedicado. Geralmente esse sentimento vem acompanhado do medo da vulnerabilidade e, como resposta a ele, temos a coragem, que se apresenta como uma solução para lidar com todas essas angústias.
De acordo com a pesquisadora, contadora de histórias e escritora, Brené Brown, vulnerabilidade não é sobre ganhar ou perder. É ter coragem de se expor, mesmo sem poder controlar o resultado.
A cientista que estuda a conexão humana e as habilidades de sentir empatia, pertencer e amar, nos ensinou lições importantes em sua primeira Ted Talk, O Poder da Vulnerabilidade, onde ela pôde desmistificar tabus sobre a vulnerabilidade.
Mas afinal, o que é vulnerabilidade?
Basta uma rápida consulta nos principais canais de pesquisa para perceber que pouco se sabe sobre o assunto e que a vulnerabilidade, normalmente, é associada a algo frágil. Ao checar o dicionário, o substantivo aparece como qualidade ou estado do que é ou se encontra vulnerável.
Indo mais fundo nas buscas, percebemos que muitas vezes as pessoas enxergam o fenômeno como uma fraqueza, sendo uma característica de quem é incapaz de lidar com os efeitos de um ambiente hostil. Quando na verdade, Brené, explica que se trata exatamente do contrário, onde a vulnerabilidade significa assumir riscos em momentos de incerteza.
Sendo vulnerável no ambiente corporativo
Em suas pesquisas, ela também comenta que as pessoas mais vulneráveis, são as que conseguem viver mais momentos em sua “plenitude”. Brené percebeu que o grupo que abraça essa emoção também possui maior tolerância ao erro, comparado com aqueles que evitam o fracasso.
“Sem tolerância ao fracasso, sem inovação”, aponta a estudiosa. Muitas vezes o medo em ser julgado pelo erro ou a sensação de se sentir constrangido, impede que pessoas exponham ideias criativas e inovadoras. Sendo que, estas são algumas das características que as empresas mais almejam no momento.
Que tal sair da sua zona de conforto e arriscar um pouquinho mais, no momento daquela reunião de trabalho? As pessoas estão prontas para lhe ouvir. Deixe suas ideias navegarem sem direção e comece a expô-las assim que se sentir mais confiante.
Criando conexões verdadeiras no ambiente corporativo
De acordo com Brené, a vulnerabilidade também pode ser uma peça-chave para construir laços mais sinceros com as pessoas. Segundo a estudiosa, para permitir que uma conexão aconteça, temos que nos permitir ser vistos de forma verdadeira.
“Líderes corajosos não se calam diante das coisas difíceis. Nosso trabalho é escavar o não dito”, afirma.
Por isso, é importante, que as empresas criem um ambiente seguro, para que as pessoas possam experenciar uma cultura ágil, onde colaboradores são incentivados a errar e evoluir rápido sem medo de punições.
Não é possível esperar que as pessoas simplesmente produzam e não tragam para a sua rotina de trabalho o que acontece na sua vida pessoal. A cientista inclusive, menciona, que em mais de 20 anos de pesquisa, jamais conheceu alguma pessoa que fosse feliz em sua vida pessoal e medíocre em sua vida profissional. Para ela, as duas áreas andam juntas.
A vulnerabilidade como um superpoder
Em uma conversa com a Head of Digital Transformation and Innovation da Datum, Carine Bruxel, questionamos sobre a importância da vulnerabilidade para a rotina de trabalho e como ela pode ser uma aliada para o desenvolvimento de pessoas.
— Sabemos que cada pessoa possui superpoderes, aquele talento que é nossa marca pessoal e agrega onde quer que estejamos, assim como nossas vulnerabilidades: aquilo que nos falta e ainda precisa ser desenvolvido, afirma.
Segundo ela, para que um time possa se desenvolver junto, não se deve fugir de momentos de maior vulnerabilidade. “Acolher nossas fragilidades e compartilhar onde precisamos de ajuda é a peça-chave, para que através da união e do apoio mútuo, possamos ser, como nos intitulamos, um Dream Team”, aponta.
No entanto, ela reforça, que esforços contínuos são necessários para deixar os colaboradores à vontade para lidar com o medo da imperfeição, sendo necessário abrir espaço para o autoconhecimento.
— Se trata de resetar expectativas de líderes que idealizam equipes e pessoas perfeitas, ter uma cultura forte de desenvolvimento onde todos tenham oportunidade de evoluir e, principalmente, criar círculos de confiança, lugares onde as pessoas se sintam aceitas ao invés de julgadas, bem como estimuladas a irem além, valorizando cada pequena conquista, explica.
Como já diria Brené Brown, é preciso muita coragem para ser imperfeito. O primeiro passo para nos livrarmos do medo da imperfeição, do fracasso e da falha, de acordo com a pesquisadora, está em compreender suas inseguranças e acolhê-las de maneira gentil.
Precisamos abandonar a ideia da idealização, sobre quem precisamos ser, para então caminharmos em direção de quem realmente queremos ser.